Pássaro Negro
Quando teus olhos cruzaram os meus,
não havia rancor nem piedade.
Havia um querer-sem-querer sem crueldade
que só meu coração entendeu...
Quando tua boca imaginária encostou na minha,
despi-me da tal famosa sanidade
que me acompanha , ilusória, sem maldade,
que só meu corpo acolheu...
Quando teu adeus chegou mansinho...
sem tortura, nem reflexão...
avistei o abismo em que me encontro:
voar tal pássaro negro ao teu reencontro,
custaria nada menos que teu abandono...
Quando te vi, no alto e singelo...
a voar, sem destino ou flagelo,
trouxe-me o chão, outrora verde e firme,
na figura que me afaga o coração...
tuas penas negras furtaram meu sorriso
e me deixaram no chão em que congelo...

Nenhum comentário:
Postar um comentário