segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 INSATISFAÇÃO


Que sentimento é esse que cria

uma  nuvem sem chuva no céu?

Só pode ser o coração, gritando

bem alto que o pão não tem mel...

Que "des"razão é essa que cega

minha mente ao me fazer tão demente?

Só pode ser a grama, que sem chuva de amor,

também se viu descrente...

que insultos são esses, que não me permitem ver o outro

como se irmão fosse?

Só pode ser a tal nuvem, que, sem chuva de amor, 

deixou de ser doce...

Ah..mas isso de nada importa...

O que importa mesmo é eu me olhar para dentro e abrir a porta...

A porta da razão, da sensibilidade e do respeito,

tríade do Cristo na cruz...

Só assim e assim somente,

nos veremos novamente reluzentes

tal como Ele o foi, envolto em linda luz...

terça-feira, 9 de abril de 2019

Queria despir-me de toda a ilusão que trago em mim.
Retirar da minha alma a dor e a tristeza da solidão.
Queria relembrar somente a jornada no trem da gratidão...

Desejaria revelar meu ser impuro, repleto de doce submissão,
E conter dentro de mim somente a mansidão.
A mansidão dos retos e justos , que com Cristo estão.

Queria tanta coisa e sonho tanto,
Que nem de olhos entreabertos duvido tanto...
Sonhos infantis e pueris de outrora,
Ganham força na extrema demora da concretização...

Mas para tudo há o tal tempo e hora.
Que meu ser seja confortado  e embebido na reflexão,
De que somente quando eu vir a  flor no chão, caída no outono eu me relembre,
Que sim, há momento e nuvem que eu vislumbre,
A tal doce ilusão e sonho da infância, se faça real e se apresente...

Somente assim e assim somente, parto desta vida para outra,
Não achando força que me prenda, me conduza ou me tormente,
Mas na paz e luz que me contente...

sábado, 14 de novembro de 2015

Que o amor não exige limites e nem se expõe a tal. Para o verdadeiro amor, não há fronteiras, muito menos horizonte. Ao contrário, ele caminha fluídico, sem pressa, sem compasso de espera,pois aquele que ama, que tem o amor dentro de si, para este não há fim. Há apenas o início. O início de uma vida colorida e perfumada que se abrilhanta a cada passo dado, sempre de mãos dadas; e para tal, não há horizonte, pois este significa atingir o fim. E para o amor, aquele amor, aquele, somente aquele, nunca haverá fim. Apenas inúmeros dias de recomeço absoluto...para amar, amar e amar... Benevides, em novembro de 2001...

domingo, 5 de abril de 2015

A irreparável dor da perda

No fundo do abismo em que me encontro
reencontro meu eu e me remonto:
Há em mim eterno exame
de uma alma, que perambula ainda constante,
no minuto do voo de um instante...

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Pássaro Negro

Pássaro Negro






Quando teus olhos cruzaram os meus,
não havia rancor nem piedade.
Havia um querer-sem-querer sem crueldade
que só meu coração entendeu...

Quando tua boca imaginária encostou na minha, 
despi-me da tal famosa sanidade
que me acompanha , ilusória,  sem maldade,
que só meu corpo acolheu...

Quando teu adeus chegou mansinho...
sem tortura, nem reflexão...
avistei o abismo em que me encontro:
voar tal pássaro negro ao teu reencontro,
custaria nada menos que teu abandono...

Quando te vi, no alto e singelo...
a voar, sem destino ou flagelo,
trouxe-me o chão, outrora verde e firme,
na figura que me afaga o coração...
tuas penas negras furtaram meu sorriso 
e me deixaram no chão em que congelo...

Pão da Vida

Iluminado encontro este de outrora
que trouxestes em cesta enriquecida
diante da infinita sede de amor
e da demora...

Partes ao meio tal deleite
sem recheio ou dúvida que enfeite
a alma lânguida e tranquila...

Esqueces porém necessitado recheio,
de verdades cruéis e pragmáticas,
desvendando receita enigmática,
do fel a transbordar...

Recorres a pães saborosos,
que adornam mesas perplexas
de gosto fiel a duvidar...

Repartes sem medo devido encanto,
que , sem ruelas imaginárias
ou azuis de céu em prantos,
despede-se , por hora, a desejar...

Revela-se então, pão da vida a amar:
quem nunca , dantes apreciou bem adorar?
Fazes e refazes tuas receitas, repetidas em novas mesas...
Toalhas de linho e taças de cristal,
denotam no entanto, a leveza do papel...
E como tal, voa fácil, ao vento,
adocicado de mel...


sábado, 21 de setembro de 2013

Hiato





Aproveite bem  sua existência, 
Pois bem cedo irá partir no trem.
A estação antes colorida,
Agora jaz, enfraquecida.

Aproveite bem sua companhia,
Ria, tome sorvetes, ande na praça.
A amargura da solidão logo lhe desgraça
E a mão dantes terna , encarcaça.

Vá. Aproveite bem a companhia,
Do filho querido em plena alegria,
Pois o momento da despedida
logo logo te abraça.

O trem tem hora , não demora.
Passa rápido pela estação.
Leva consigo a lembrança mais feliz
Apunhalando seu coração.

Suas palavras já não soam bem,
Seus conselhos, entregues ao desdém.
Sua ajuda não mais necessária,
Desfaz-se melosa, na sua couraça.

Vá. Aproveite bem a companhia,
Daquele que um dia sorriu para ti.
Da janela do trem parte em retirada
Levando consigo a doce alvorada.

Aconchegue -se  no triste banco da praça,
Lembrando momentos de cumplicidade
Que jaz em breve suspiro seu.
Arruma sua roupa, vista-se taciturno
Ajeite o chapéu de sua alma
E receba o eterno apogeu.

O filho querido parte em desalinho
Levando consigo parte de seu sonho
Palavras ditas e longos desenganos
Truncados em linhas de metáforas perdidas
Alcançam agora trilhas feridas.

Vá. Aproveite bem e se refaça.
Um dia há de voltar pedindo sua graça,
Querendo seu amor que ainda na praça
Reza pela alma que tanto lhe enlaça. 

Vá. Acalma o coração.
Sente-se no banco e refaça a oração, 
Pois um dia, ainda que velho e enferrujado de todo,
Mesmo que sirva só de consolo tardio
A lembrança do filho esguio
Te encontra com o amor gentio.
Vá. Sorria. 
O trem retorna em breve e com alegria:
O filho querido ao seu retorna
Trazendo consigo substantivadas histórias 
Que você um dia ensinou.

Beijar-lhe-á as mãos
E com grande sentimento e redenção
Seus olhinhos acinzentados mirarão
E uma lágrima sentida irá brotar.

Verás então, que o nada e o vão
Meros hiatos em atenção
Perderam-se na luz da transformação
Refazendo a caminhada em profusão...