A grinalda e a Andorinha
Quem não se casou, que não leia este repente.
Pode ser duro acreditar, mas é o que jaz aqui latente.
Andorinha voa alto e de cima, ainda contente,
avista coisa branca,muito alva e de repente.
Pousa leve e suave,
sobre algo que não conhece.
Desfaz logo o entrave,
e o macio reconhece.
Há de ser coisa boa,
qual o céu em que voa.
Mal sabe a andorinha
que o vale não perdoa.
Encanta a andorinha a danada da grinalda,
esquecida pelo par, após cerimônia religiosa.
Foi jogada a Deus-dará, na certeza milagrosa.
Na espera de um futuro feito total mar de rosa.
Andorinha não entende
o mal que padece a gente.
Pecados mortais, ilusões,
quebradas em noites quentes.
É grinalda , andorinha...
Não é grama o que te chama.
Do vale das sombras tristes,
é dor maldita que te clama!
Voe alto,minha amada -
andorinha que liberta,
Vá seguindo teu caminho,
aquele que o coração desperta.
Voe, voe e não volte mais...
A grinalda em que pousastes,
não te aqueces jamais.
Não aquece tuas asas,
Não te alegra o coração.
Não revela a maciez
em que um dia puseram a mão.
Voe linda, vá- te embora!
Ganhe o ar que te chama!
E voe sem demora...
Como pedido, está feito:
andorinha bateu asas,
de seu jeito brejeiro.
Foi parar em outros campos,
procurando seu padroeiro.
A grinalda jaz sozinha,
no campo verde e macio.
Quem sabe um dia outra andorinha,
em vendo tal campo desolado,
há de querer pousar também, arruinado,
no coração caminheiro!
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