terça-feira, 10 de abril de 2012

Sertão da Fé


No sertão do coração
não há desespero que chegue.
Há amor, há desapego,
não há redenção que se deseje.
No sertão da multidão,
há vazio, há ingratidão.
Há trovoada, há chuva não.
No sertão ensolarado,
há fé , não falta pão.
No sertão da vida dura,
há miséria, há loucura.
No sertão da vida dura,
há também só formosura.
Há a água que não vem,
há a chuva com desdém.
Há o boi morto, esquelético,
há tudo e não há ninguém...
Mesmo assim, não vou embora.
Não abandono o meu sertão.
Lá o rio corta seco, atrapalhando a boiada.
Encravado em rocha fria, inaugurando a estrada.
Por isso mesmo caminho no sertão imaginário...
Lá encontro a paz divina -
aquela do confessionário.
Vem pro sertão, saia de lá não.
Quem vem pro sertão da fé,
já alcançou o perdão...