terça-feira, 27 de dezembro de 2011

No dia em que eu morri...

No dia em que eu morri, lembrei-me de minha vida em um instante:
lugares que fui e me perdi;
lugares que andei como uma infante.
No dia em que eu morri, refiz minha jornada:
me vi sozinha e acabrunhada
no canto da vida em que vivi.
No dia em que eu morri, lembrei-me de muitos:
 alguns amigos, outros nem tanto,
e planos que chorei aos prantos.
No dia em que eu morri me fiz de alegre:
todos ao redor de mim choravam
e muitos outros, lamentavam.
No dia em que eu morri, sorri bastante.
Nos braços de Jesus nunca distante,
refiz meu tempo na Terra, interessante.
No dia em que eu morri, assim pensei:
fiz muito e tudo por amor
e quase sempre agradei.
No dia em que eu morri, me fiz saudosa.
De um tempo que se foi e não volta atrás.
Milhares de lágrimas chorei,
e que agora não choro mais...
No dia em que eu morri, agradeci.
Por todos na minha vida , eterneci.
Fiz de Cristo minha morada,
e , nela voltei a caminhar.
Em sua luz, feliz a festejar
por minha volta a triunfar.
No dia em que eu morri eu tive pena,
daqueles que não souberam me entender.
E para estes, deixo minha palavra final:
amei meus irmãos e não me arrependo,
cantei suas lágrimas e compreendo
que nem todos são iguais.
Uns quiseram meu amor e companhia,
outros se furtaram da alegria,
de me ver sorrindo todo o dia,
sob o céu azul e ensolarado
que o Cristo nos dá , encabulado,
para que possamos ao outro ofertar:
sem ganância, maldade ou inveja,
o que Ele queria era somente
que adentrássemos em sua igreja
para que quando partíssemos, natural fosse...
Sorrir, amar e ser amado,
sempre com a alma tranquila e abençoada,
sem marcas ou dores calejadas,
de uma vida comum embora atribulada,
mas com a leveza infantil daquele que sorri.
No dia em que eu morri,
eu, simplesmente, parti.




segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

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No lugar sombrio onde minha mente vai,
encontro a incerteza de meu viver.
Procuro algo a me esconder,
do infinito desgosto de viver...

Pareço, mas não sou aquilo que quero.
Entendo o caminhar e me desespero,
ao saber que tudo feito, não há o que fazer...

Mas a escuridão que ao fim me alcança,
não me atinge o ser nem faz perder a esperança,
de voltar um dia, a me conter...


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Paixão

Paixão não é coisa passageira,
não vem de fato ligeira,
tem sua própria maneira,
a pedir seu espaço.
Paixão não vem de mansinho,
não quer só cantinho,
nem um copo quebrado.
Paixão vem de passo marcado,
coração abalado,
muitas vezes abalroado
que quer ser encontrado.
Paixão é que move o mundo cansado,
tem na boca o pecado,
e na alma, um manchado.
Paixão faz o mundo girar,
nele se perder e se encontrar,
e do alto duvidar,
daquilo que se quer amar...
Paixão é tudo junto e misturado,
tem o gosto insensato,
de uma razão que não se faz presente...
Paixão - que queres de mim ó demente?
Que não se cansa de maltratar
o coração do doente?
Paixão vá se embora!
Já chegou tua hora,
de molestar outro louco...
Vá e não volte, pois,
onde feriste muito um dia,
de tudo,de tudo, restou bem pouco...